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segunda-feira, 20 de julho de 2009

A cama desfeita

A cama estava desfeita.
Mas o lugar vazio a meu lado,
Mantinha o vago desenho
Do teu corpo abandonado
Ao meu e ao teu prazer.
Antes ofegantes corças selvagens,
Depois, aos poucos, seres pacificados.
Foi sempre assim que vivemos
A nossa história de amor.
Os lençois tinham o teu odor,
De corpo suado e perfumado.
De quem me amara inteira,
De quem me sugara a alma.
Numa entrega total.
Mas a cama está desfeita,
E o teu lugar vazio!

Helena


domingo, 19 de julho de 2009

A flor

Era uma mão pequena e franzina,
Que procurava onde se agarrar.
Dei-te a minha, muito grande.
Tu sorriste e puxaste-me
Para a porta de saída.
Querias ir para o jardim.
Levei-te até lá e sentei-me.
Fiquei a olhar enternecida,
A flor que então colheste
Para mim.
Hoje quando lá passo,
Ainda vejo os malmequeres.
Sorrio a esta lembrança,
E chego a sentir a presença
Da tua mão pequenina,
Na minha já envelhecida!

Helena


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ao Quim

Partiste hoje,
Deixando tristes
Todos os teus amigos,
Que são muitos.
Partilhámos gargalhadas
E a tua imensa alegria de viver.
A doença foi minando o teu corpo.
Mas a alma, grande, enorme,
Continuava lá, incólume,
A dar força a todos nós.
Vou lembrar-te como querias,
Bem vivo e animado.
E esperar que me recebas,
Como sempre, a sorrir,
Quando chegar a minha vez!

Helena

sábado, 11 de julho de 2009

À Rita

Ainda me lembro
Do dia em que nos conhecemos.
A Paula insistia nesse encontro,
Sabendo de antemão que ficaríamos amigas.
Gerações diferentes,
Mas um mesmo olhar
Sobre as coisas importantes,
Um mesmo riso sobre os pequenos azares
Que cada uma viveu,
Enfim, uma mesma crença
No mundo que nos cerca.
Não nos vemos muitas vezes,
Apesar do gosto imenso
De estarmos juntas.
Mas quando nos encontramos,
É sempre uma animação,
De quem retoma a conversa,
Interrompida na véspera.

Helena


quarta-feira, 8 de julho de 2009

Os outros

O que há dos outros em nós?
Muito? Pouco?
Possivelmente, quase nada.
Mas é com eles que nos comparamos,
Quando, desesperados, buscamos
Neles o nosso reflexo,
Na esperança de encontrarmos
Esse eu menos complexo,
Que é o que deles há em nós.

Helena

terça-feira, 7 de julho de 2009

Heróis

Tenho um certo gosto por heróis
Cuja vida seja empolgante.
Não é preciso falarem de amor,
Mas convém que não façam a guerra.
São difíceis de encontrar,
Neste tempo de ingratidões.
Os que existem vão-se esfumando,
Perdidos num presente
Em que os heróis são vilões!

Helena


quinta-feira, 2 de julho de 2009

Na praia

Quantas vezes sonhei
Tomar banho, de noite, na praia?
Sozinha ou acompanhada,
Pouco importava.
O prazer que eu procurava
Era a água gelada
No meu corpo quente de mulher.
Nunca percebeste
Que o objecto do desejo
Nem sempre tem forma humana.
Era o caso.
Eu queria a imensidão do oceano
Só para mim.
Para que, devagar, ele me possuisse.
Não tu!

Helena

Sem ti

Sem ti, não existo.
Contigo perco-me
E encontro-me.
Sem ti,
O dia é noite
E a noite é fria.
Contigo, expludo
E cresço.
Sem ti, tenho medo
De tudo.
Da vida vivida
E da que me falta viver
Contigo, sonho o futuro.
Sem ti,
Perco o presente,
Sem ti, até
Perco o passado!

Helena

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Em ti...

Nos teus braços
Me aconchego,
Me anicho,
E me faço criança.
No teu corpo
Me entrego,
Me perco,
Me encontro,
E me faço Mulher!

Helena

Apaixonar-se

Devagar,
Lentamente,
Fui-te conhecendo.
Sem pressas,
Fui sabendo como pensas
E o que pensas.
Depois, muito depois, apaixonei-me.
Por ti,
Por alguém que é gente.
E sente!

Helena