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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lembras-te?

Lembras-te?
Era um dia de inverno,
E tu não tiravas os olhos de mim
Eu, cheia de frio, aquecia-me em ti.
Bons tempos, esses,
Em que ambos nos desejávamos
E a vida parecia não ter fim.
Lembras-te?
Era uma Igreja velha,
Que todas as tardes nos acolhia
E onde os Santos velavam
Para que ninguém descobrisse
A paixão que nos consumia.
Lembras-te?
De certeza que não.
Se te lembrasses,
Já me terias pedido perdão...

Helena

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

As casas

Quantas casas eu já tive?
A grande casa da família
E a casa dos avós.
Depois da casa dos pais
Veio a casa de casada
E a casa de mulher só.
Quantas casas eu já tive?
Depois de ficar sozinha,
Tive a casa dos meus filhos
E também a dos meus netos.
Foram todas pouco minhas
Porque a casa verdadeira,
A que nunca abandonei
Foi a casa do Senhor.

Helena

É assim

Queria escrever-te cartas
Todos os dias.
Mostrar-me,
Desnudar-me,
Para que me conhecesses
Melhor.
Mas tu não gostas de cartas.
Só de gestos
De carícias
De beijos
Rápidos.
Sem saberes quem eu sou,
Ou como sou.
Tu tens pressa,
Eu não te interesso.
Tu não me vês
Nem me escutas,
Não sabes quem sou.
É assim que tu gostas
De mim!

Helena


Letras

Gosto de brincar com letras
E de construir palavras
que formam frases.
Depois, gosto de as misturar
E de criar outras palavras
Novas
Desconhecidas
E de brincar com elas
Em frases
que não fazem sentido.

Helena

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vida breve

Era uma criança frágil
A quem a vida tudo devia.
Corpo débil, esfomeado,
Cabeça cheia de sonhos.
Os anos passaram por ela
Sem que deles se desse conta
Nas obrigações que cumpriu
Nos prazeres que não sentiu.
Hoje é uma velha cansada,
Que à vida nada deve.
E diariamente se pergunta
Por que foi tudo tão breve.

Helena

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O fim!

Vinhas sereno, tranquilo
Para me dizer "acabou".
Eu nervosa, não percebi
Que já te havia perdido.
Foi uma luta desigual
Eu, debulhada em lágrimas,
Tu, frio, intelectual,
A explicares os meus erros
Passados e
As falhas mais recentes.
Eu, debulhada em lágrimas,
A tentar agarrar aquilo
Que já não era meu
Tu, frio, gelado
a dizeres... "morreu"!

Helena


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Sobressalto

Acordo em sobressalto
procurando o teu lugar
nesta cama que foi nossa
neste quarto que nos guardou.
Acordo em sobressalto
esquecida do tempo que passou,
quando dizias que me amavas
e que o mundo era só eu.
Durou anos o nosso amor
e o fogo que o consumiu.
Um dia foste-te embora
Deixaste vago o teu lugar
que eu continuo a procurar
nesta cama que foi nossa
neste quarto, neste lugar!

Helena

Quantos mantos

Uns dias é o manto do silêncio
Que me cobre,
Outros, o manto da palavra
Que me descobre.
Contigo nunca sei qual usar
Para te prender e estar contigo.
Quantos mantos não usei já
Nesta vida de espera por ti.
Quantos mantos levantaste
Sem sequer olhar para mim?
Quantos mantos porei mais
Para que me olhes, enfim?

Helena